Como diminuir custos e gerar lucro com idéias sustentáveis
Sustentabilidade mostra-se como um objetivo para qualquer tipo de empresa e deve estar no centro do negócio, principalmente, em tempos de crise
Sustentabilidade mostra-se como um objetivo para qualquer tipo de empresa e  deve estar no centro do negócio, principalmente, em tempos de crise  
A crise está estampada nos jornais todos os dias e mostra  consequências mais ou menos profundas, dependendo do setor da economia. Apesar  de um clima de ameaça contagiando corações e mentes, há oportunidades,  aprendizagens e possibilidades de evolução em diversas áreas, entre elas a da  sustentabilidade.
Conceito que se incorporou ao jargão dos que têm clara  percepção da realidade, mesmo que muitas vezes minimizado como sinônimo de saúde  econômico¿financeira ou equiparado à necessária e urgente atenção à degradação  ambiental ou, ainda, explicado como a busca de desenvolvimento social e de  redução de desigualdades. Sustentabilidade é, na verdade, a integração destas  três dimensões e neste momento de crise, muitas empresas a tratam apenas  parcialmente e com ênfase acentuada na primeira delas, a econômica.
Em  seu nome, a estabilidade de resultados é perseguida, prioridades e estratégias  são revistas, levando à diminuição de investimentos, da produção, de postos de  trabalho. Medidas infelizmente necessárias e se feitas com critério,  justas.
O risco é as outras duas dimensões serem ¿sacrificadas¿, à espera  de um momento mais oportuno para serem ¿tiradas da gaveta¿, como se tratar  questões ambientais e sociais fosse apenas uma tendência para os momentos de  euforia econômica e de explosão da produção e do consumo. Parece lógico, mas é  uma ótica equivocada, com benefícios apenas aparentes e  imediatos.
Sustentabilidade apresenta uma grande arma de superação da  crise, a começar pelo resgate de princípios éticos e de valores que devem  orientar os negócios. Além de ser atitude, estratégia e inovação da empresa,  sustentabilidade dá resultados concretos e se traduz em práticas e processos de  trabalho. Diminui custos, reduz riscos, principalmente futuros, evita  desperdícios, melhora relacionamentos e gera lucros.
Como? Vamos tomar o  setor de varejo como exemplo, onde empresas de qualquer porte têm processos  sustentáveis mais rentáveis para implantar. Começando pela construção ¿verde¿,  assim denominada porque privilegia a preservação ambiental como critério para  projetos e obras de lojas, com iluminação natural, materiais de origem  certificada, pé direito mais baixo, reuso de água, descarte de entulho etc. A  construção sustentável tem um custo em média 15% mais alto, mas se justifica  pela redução de custos operacionais já em curto prazo. Em 50 anos, a redução  pode chegar a 80%. 
Na logística e na operação da loja, iniciativas como  o descarte de embalagens junto a cooperativas e indústrias de reciclagem geram  emprego e renda. E trazem economias. Estudos apontam a possibilidade de descarte  de lixo orgânico para a produção de biocombustível.
Muitas lojas,  especialmente as de não alimentos, já utilizam as sacolas plásticas  oxibiodegradáveis, que se degradam em contato com o ar, num prazo de até seis  meses. Lojas de supermercados comercializam sacolas retornáveis e desenvolvem  sacolas plásticas mais resistentes, mais caras, mas mais econômicas pela  utilização em menor quantidade.
Consumidores têm se tornado cada vez mais  conscientes e engajados, participando ativamente de programas de coleta seletiva  de embalagens pós-consumo, adquirindo produtos orgânicos, produtos de marca  própria sustentáveis ou de manejo sustentável, vindos de comunidades,  cooperativas e associações de artesãos.
Junto a fornecedores há frentes  importantes, como a negociação para redução de tamanho e utilização de  matéria-prima certificada nas embalagens, exigências contratuais proibindo  práticas trabalhistas ilegais e discriminatórias. Colaboradores podem ser também  alvo de práticas interessantes, desde o estímulo à participação no processo de  sustentabilidade, até a adesão a programas de voluntariado e relacionamento  comunitário. A empresa pode, ainda, posicionar-se como ¿parceira¿ na solução de  problemas locais e no desenvolvimento das comunidades em que atua, investindo no  futuro.
Sustentabilidade mostra-se, assim, como um objetivo para qualquer  tipo de empresa e deve estar no centro do negócio. Não precisa deixar para  depois ou esperar que outras prioridades estejam resolvidas para então pensar a  respeito. O momento certo para implantar é agora. Os benefícios serão reais e  crescentes, uma grande oportunidade para o comércio e consumo conscientes e para  um verdadeiro "ganha ¿ ganha" empresa e sociedade.
Rosangela Bacima é  consultora da Associação ECR Brasil ( http://www.ecrbrasil.com.br) e sócia-diretora da RB  Consultoria em Gestão Sustentável.
